segunda-feira, novembro 05, 2007

Polícia!?

"Polícia para quem precisa"!?

E ainda querem que sejamos esperançosos.... como???

História verídica que aconteceu com o cantor e compositor Leoni e que ele relatou em seu blog. http://www.leoni.art.br/

Hoje fui ao centro da cidade de Metrô. Saltei na estação Uruguaiana, bem no meio do comércio mais popular do Rio. Na porta da estação um ambulante anunciava: “Tropa de Elite 1, 2, 3 e o novo!” O novo deve ter sido filmado da tela, com os minutos a mais que diferiam o original do pirata. Pelo visto já não há mais diferença. Andando rumo ao meu compromisso passei por inúmeros integrantes da Guarda Municipal que pareciam estar ali para proteger os ambulantes.
Mais um pouco adiante, na esquina da Rio Branco, uma dupla vendia DVDs piratas. Enquanto um deles anunciava os produtos – que, logicamente, incluía todas as versões (?!) de Tropa de Elite - o outro segurava a cordinha do pára-quedas. Esclareço para quem não conhece a engenhoca. Trata-se de um plástico grosso, com uma corda transpassada que, quando puxada, suspende simultaneamente as quatro pontas do mesmo, transformando o mostruário numa trouxa, o que facilita a fuga dos vendedores no caso de algum guardinha não respeitar tão digna profissão.
A três passos da dupla, quatro policiais militares trocavam informações sobre um novo modelo de celular. Incrédulo com tamanha falta de atitude, não resisti e fui matar minha curiosidade:
_ Por favor, seu guarda. Vender produto pirata não é crime?
_ Quem está vendendo produto pirata? - pergunta, meio sem vontade, um dos oficiais.
_Aquele cara ali, está vendendo.
_Esse é um problema da Guarda Municipal. É que nem o trânsito. Já foi nossa responsabilidade. Agora não é mais.
_Vocês não podem fazer nada a respeito? - questiono eu, tolamente surpreso.
_Não. Só a Guarda Municipal pode checar as notas fiscais dos ambulantes.
Fiquei eu pensando: que notas fiscais?! É tudo pirata. Só que eu achei que só tinha pensado essas coisas, mas na verdade eu falei para eles. Daí a coisa foi ficando cada vez mais surreal.
_E você pode provar que é pirata?
Cacete!!! Até um cego podia saber que aquelas copias xérox descoloridas enfiadas naquelas embalagens extra-vagabundas não foram feitas pela Paramount ou pela Columbia. Eu não acreditei na pergunta e respondi:
_Posso, claro!
_Você tem certeza? – respondeu já meio enraivecido o policial que parecia ser o porta-voz da turma.
_Tenho.
_Nossa responsabilidade é com a segurança pública. Aqui ninguém está sendo ameaçado.
Ou seja, crime não é ameaça à segurança pública. Falsificação e evasão fiscal não são da alçada da Polícia. O que é que eles fazem então? Também quem mandou eu achar que tinha alguma coisa a ver com isso.
_Bem, vocês não podem fazer nada?
Daí um outro policial, que até aquele momento tinha participado apenas com muxoxos e cara feia, entrou na conversa para levar a coisa para um nível tal que nem Ionesco e seu teatro do absurdo seriam páreo.
_Se você acha que é crime, você mesmo pode dar voz de prisão e levar os dois para a delegacia. Todo cidadão tem esse direito.
_Beleza, seu guarda. Eu dou voz de prisão e eles me seguem obedientes! Se eu der voz de prisão vocês me acompanham para levar os dois até a delegacia?
_Não, porque isso não é da nossa alçada. Isso é com a Guarda Municipal – esclarece o mesmo guarda já irritado.
_Mas vocês não são cidadãos? Não podem dar voz de prisão a eles?
_Você faz questão? Faz? – a essa altura o tom já é ameaçador.
_Faço.
Nisso dois dos policiais começam a se falar em grunhidos incompreensíveis e, como se houvesse um código discretíssimo que só eles pudessem perceber, todos me dão as costas e vão embora!!!


* "Isso aqui ô ô... é um pouquinho de Brasil iá iá.."