domingo, agosto 20, 2006

FLIP

Como eu prometi a algumas pessoas, aí está um relato sobre a FLIP (Festa Literária Internacional de Parati) deste ano. A festa começou na quarta, dia 09/08, com o show da Maria Bethânia, mas eu só fui no dia seguinte, para não perder tanta aula na faculdade.

Cheguei na quinta de tarde, deixei as coisas no hotel e já fui para a palestra, às 17h. O tema: "De onde vêm as palavras", com David Toscana(México) e Mário de Carvalho(Portugal). Adorei os dois. Foi um debate super descontraído sobre como surgem as idéias para um livro. O David conquistou a platéia logo de cara, ao falar que fez um curso expresso de português para poder falar na FLIP, claro que nem tudo ele conseguiu responder em português, mas se esforçou e o pessoal adorou.

Depois voltei pro hotel pra tomar um banho e descansar porque estava bem acabada da viagem...enquanto isso rolou a palestra com Benjamin Zephaniah que, segundo meu amigo, deu um show ! Essa eu perdi.

Na sexta, foi praticamente o dia todo de debates. O primeiro começou às 10h e o assunto foi "Prosa, política e história", com Alonso Cueto(Peru), Luiz Antônio de Assis Brasil (Brasil) e Olivier Rolin (França). Neste debate o foco foi o papel da literatura na política e no entendimento da história. Os 3 autores têm trabalhos que misturam história com ficção. Disseram que construimos a história através dos sonhos de cada um de nós, ou seja, ela parte de uma ficção. O Olivier Rolin encerrou o debate falando que "quando acabar a ficção, a história acaba."

O debate seguinte foi com os brasileiros Ignácio de Loyola Brandão , Miguel Sanches Neto e Wilson Bueno sobre "As matérias do romance". Romances escritos a partir de vivência dos autores, lembranças. Três gerações num papo bem descontraído e divertido.

Ainda no mesmo dia, já no final da tarde, fui ver a mesa em que eu estava mais interessada "Profissão repórter: a arte da reportagem", com os americanos Lilian Ross e Philip Gourevitch. Para mim, foi o mais fraco de todos. Os dois muito simpáticos, falaram sobre a reportagem, o papel do repórter, mas não senti que tenha realmente me acrescentado algo. Uma pena.

Na sexta, teve ainda a palestra com Toni Morrison, fechando a noite, mas foi outra que não vi. Fui para o hotel dar uma relaxada. Minha mãe viu uma parte e disse que estava bem interessante, falando sobre a situação dos negros norte-americanos.

Sábado foi o último dia da FLIP, para mim.... fui embora, domingo de manhã.... o dia começou às 11:45h. Fui ver Ferreira Gullar e Mourid Barghouti(Palestina), na mesa entitulada "Muitas Vozes". O exílio foi o foco do debate, tendo como base Poema Sujo de Ferreira Gullar, escrito há 30 anos, enquanto ele estava no exílio e Eu vi Ramallah, de Mourid Barghouti, descrevendo de modo emocionante as sensações de se voltar a sua terra natal depois de 30 anos exilado. Pesado, forte, comovente, fantástico ! O debate mais marcante para mim....

Depois, pausa de uma hora para o almoço e de volta para ver, às 15h, Fernando Gabeira e Christopher Hitchens(Reino Unido). Começou bem, mas terminou mal. O título do debate era "Profissão repórter: na linha de frente" e o assunto principal deveria ser a motivação dos dois jornalistas para relatar fatos e defendê-los. Porém, o público não deixou que se entrasse nesse assunto. O Christopher Hitchens é uma espécie de Diogo Mainard da Grã-Bretanha. Bastante polêmico.... acho que quem fez as perguntas já foi na maldade, querendo ver "o circo pegar fogo". E teve êxito. O jornalista do "The Daily Mirror" foi bastante vaiado. Eu achei falta de respeito do público, afinal, ele era um convidado. As idéias dele podem não estar de acordo com as nossas, mas devem ser respeitadas. Claro que uma hora ele se irritou e perguntou se não tinha nenhuma pergunta sobre o tema da mesa, se não tinha nada sobre literatura "afinal, estamos numa festa literária". Ele foi massacrado com perguntas sobre "política Bush", imperialismo americano, Hezbollah.... enquanto isso, o Gabeira foi bastante aplaudido... e ele me surpreendeu. Gostei da linha de pensamento dele...bastante coerente...bastante lúcido...claro nas idéias...direto. O público poderia ter aproveitado muito mais a presença dos dois ali, mas estava mais preocupado em criticar o jornalista britânico. Que pena !

Às 17h, para acalmar os ânimos, foi a vez de José Miguel Wisnik. Na verdade, era para ser Ricardo Piglia(Argentina), porém, por motivo de doença, ele cancelou sua ida a Parati e o Wisnik entrou de última hora. E como valeu a troca !!!! Eu sou suspeita para falar porque sou fã do Wisnik... e confesso que só comprei o ingresso depois que soube que seria ele o palestrante. Ele deu uma aula de cultura ! O tema foi "Machado Maxixe". O professor de literatura brasileira da USP destrinchou o conto "Um homem célebre", mostrando como ele antecipava as transformações artísticas e culturais que aconteceram logo a seguir, dando origem ao maxixe. Foi incrível ! Falou por quase 2h(foi ele sozinho, não teve debate, nada de perguntas, uma palestra mesmo !)e, ao fim, ninguém queria que acabasse. Foi aplaudidíssimo de pé ! Eu fiquei muiiito feliz de ver a reação das pessoas, todas saindo satisfeitíssimas da tenda e comentando o que tinham acabado de ouvir ali. Com um pouco de propaganda(o que não precisou muito, depois da palestra) fiz algumas pessoas comprarem o cd dele e tenho certeza de que elas não se arrependeram...rs..rs..

A última palestra do dia, para variar, eu não vi. Fui pro hotel, tomar um banho e me arrumar para comer uma pizza com meu amigo paulista que encontrei lá e também para fechar minha presença na FLIP porque no dia seguinte a viagem de volta começaria cedo.

A noite terminou na tenda da Matriz, com o show do grupo "Ciranda Elétrica". Fiquei apenas 15min porque desde que tive uma overdose involuntária de forró, há um mês, tenho efeitos colaterais toda vez que ouço mais de 3 músicas seguidas nesse estilo. Nada contra ! Eu gosto de dançar forró, mas a noite da overdose foi muito traumática e preciso de, pelo menos, uns 4 meses para me recuperar...rs...rs...

E assim, encerro meu relato sobre a FLIP....que venha a próxima !!!!

segunda-feira, agosto 07, 2006

Dica...

Dica de um show imperdível !!!!



Nesta quarta-feira(09/08), às 20h, a banda Sucata de Luxo sobe ao palco do Teatro Rival BR para apresentar o repertório de seu primeiro cd "Sucata de Luxo". O show é para comemorar o primeiro ano do selo Leke Loko do qual a banda faz parte.

Esta festa contará ainda com as presenças do saxofonista Carlos Malta, dos cantores e compositores Zé Rodrix e Alex Góes e do tecladista Cláudio Mazza.

Sucata de Luxo é uma banda totalmente carioca, composta por quatro músicos(Carlos Motta- bateria, Mazinho Ventura- baixo, Glaucio Fanara- guitarra, Giovani Marangoni- voz e violão), que mistura a tradicional música brasileira com elementos bem contemporâneos. Seu disco de estréia contou com músicos consagrados como Carlos Malta, Zé Rodrix e a banda Vitória Régia(que acompanhava o cantor Tim Maia). A faixa que abre o disco é "Feijoada Completa", de Chico Buarque, que ganhou um arranjo "EXTRAORDINÁRIO" como o próprio Chico definiu. Depois, segue-se um repertório quase todo autoral, com muito suíngue, ritmo bem contagiante que fica difícil chegar ao fim do cd sem nem bater o pé.

Enfim, Sucata de Luxo é um luxo só ! Vale a pena se deixar envolver por esse som !

Os ingressos custam R$ 20,00 (estudantes e idosos pagam meia) e para quem tiver o flyer, sairá apenas por R$ 7,00 e ainda leva o cd da banda !

Para imprimir o flyer é só acessar www.sucatadeluxo.com.br .

O Teatro Rival BR fica na rua Álvaro Alvim, 33- Centro (Cinelândia)- Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2240-4469

* Para quem se interessou e quer saber mais sobre a banda, visite o site oficial . Participe também da comunidade no orkut, clicando aqui.

quinta-feira, agosto 03, 2006

O que pensam as estrelas ?

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, vivo ?
Elas observam meu presente indeciso
Eu contemplo o seu passado preciso
Eu choro, espirro, gozo...
Elas, simplesmente, brilham

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, sonho ?
Impropérios e desaforos rondam meus planos
Igual ao vácuo abraçando aos sistemas
Tantos nós, tantos sóis...
Eu como, eu apodreço, eu vomito...
Elas, majestosamente, brilham

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, grito ?
Sussurros estelares carregam o tempo
Eu só enxergo o que os meus olhos permitem
Fuleragem atômica, mundana
Fuligem cósmica
Eu, sistematicamente, durmo
Elas, persistentemente, brilham

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, sofro ?
Perco os propósitos no espelho manchado
Gotas randômicas preenchem o infinito
Elas caçoam de meu destino
Enxergam meu sol com indiferença
Seis bilhões de dúvidas !
Eu padeço, tombo, desisto...
Elas, esplendorosamente, apagam !

O que pensam as estrelas enquanto eu,
Cá embaixo,
MORRO ?


(O que pensam as estrelas?- Jair Oliveira)